segunda-feira, 8 de novembro de 2010

des-espero espero

por ser bicho, irracional, arredio

sem motivos prevejo meu exílio



por não saber lidar com paredes

e deixar sempre as portas abertas

planejo um fuga discreta humilde

como quem pula pela janela



assim sem acordar a família, sem

ao menos dar um beijo na sobrinha

indo embora assim no vento

embora como que despercebida



apenas o gato negro a me fitar ciente

porque de fugas ele entende

e na noite a passar uma febre ardente

por estar tudo agora tão diferente

diferente sem você
diferente sem porquê
diferente só por ser
por ser vida à mercê

não te levo
mas espero
que saia
desse desespero

te busco
prometo

voltar e te despertar num beijo
mas só quando você acordar
mas só quando você acordar