segunda-feira, 20 de abril de 2009
pé sujo?
eu venho aqui esta noite falar em nome de toda a massa carioca, quiçá brasileira, que fez dos bares e botecos da vida sua segunda casa. não, não bebi. salve os pés sujos, salve as mesinhas de bar, salve nossas cervejas, meu deus, salve. não leve a mal o que vou dizer, mas é que se trata de uma questão de gosto: odeio baladinha de playboy. ai, que saco, que saco. fila pra entrar, fila pra beber, fila pra mijar, fila pra pagar, fila pra sair. que merda! favor! não me chamem para este "tipo" de baladinha de gente bonita e fina. eu quero sim esticar as pernas na cadeira, quero beber minha cerveja em copo americano, dançar quando tenho vontade, quero minha gente não exatamente bonita nem feia, um pouco estranha, mas super interessante, quero tudo isso, qualquer barzinho serve. que seja a bohemia, que seja.
terça-feira, 7 de abril de 2009
sobre o tempo no rio I
e agora, agora eu me sinto num estado de calma, muita calma no ar. é como ver que uma tempestade está prestes a desabar, e muito serena, esquento a água, faço um chá, sento na varanda e acendo um cigarro. sem sofrimentos, sem expectativas esquizofrênicas parafuseando o cérebro, sem culpa; apenas um espaço preenchido de amor, e dos puros. um amor assim destilado, guardado em barril de carvalho enquanto apura o seu sabor.ouvi dizer que a paixão só traz sofrimento, os budistas dizem isso? que a fonte da dor é o desejo. e não sei se as coisas funcionam bem assim, quer dizer, foi shakespeare que disse? "mostre-me um homem que não seja escravo de suas paixões", foi ele? foda-se. eu sempre achei que a paixão é o que movimenta o homem, é ela que faz as coisas acontecerem, mas peraí cara-pálida, aonde as tuas paixões tem te levado? quilômetros e mais quilômetros depois, ainda sinto o quanto foi importante cada centímetro percorrido por causa da paixão, mas quer dizer, é fatal. o que eu tô tentando dizer tão imbecilmente aqui é que troquei a paixão pelo amor. e me sinto imensamente recompensada. acho que atingi um grau de amor que não espera respostas, que é completo e harmônico, e vive porque é um organismo perfeito e auto-sustentável.ah, sim. chove muito no rio agora. e sinto tanto sono, mas não tomei nada, juro.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
meu querido,
onde estará agora, o [des]prezado companheiro? será que destes lados do trópico o calor também o incomoda? será que, sozinho, ele também se vê perdido com tanto espaço ao redor? e ainda sente raiva? uma raiva que às vezes se enleva e vira ciúme; um ciúme já tão démodé. às vezes um não prestar de contas consigo mesmo e uma rebeldia que, sabemos, é pedido de atenção em vermelho, uma revolta como forma de dizer "me ajuda".
me sinto cega para todo o resto, vou pisando em falso em territórios (em falsos territórios) desconhecidos e me distraio com os meus problemas. mas me sinto bem, e só ele sabe de que jeito.
sei que nossas faltas foram distintas, o que não nos redime de maneira alguma, ressalto. mas estamos aqui, pagando nossos fardos, e eu não poderia dizer quem sofre mais agora. quem sente mais saudade. quem saiu mais ferido deste choque. e nem importa, porque cada um deve agora tentar recuperar toda a energia que investimos "nisso", proporcionalmente. acho que compreendo mais. também fomos os mesmos amantes doentes, os mesmos carentes desesperados, só representamos de maneira diferente: ele, com agressão. eu, com obsessão. e muito mais dessas palavrinhas de gente doente.
a verdade é que éramos iguais, eu e ele. éramos, os dois, a mesma pessoa, agora, descrentes do amor. dois coelhos mortos pela mesma pedra. e não era exatamente o que nos ligava que nos fazia iguais, porque essa linha nos transpassou em momentos distintos, de início. em outros, nos costurou na mesma trama. pelo contrário, o que mais nos aproximava era também o que nos distanciava. afinal, sabemos. dois corpos não ocupam o mesmo lugar. éramos dois campos de força, o que logicamente, nos repeliu para longe um do outro. o lugar, este ficou vazio, quem sabe agora ocupado por alguém que ia passando ali e resolveu ficar. mas não o conheço, nem tomo partido. apenas vejo como acabamos indo, mesmo por caminhos diferentes, ao fundo deste poço, que não é fim nem fundo, mas poço raso onde a gente fica por que tem que ficar. por que temos que sentir esta ressaca de amor que às vezes vira festa às cegas, encontro no escuro, pura sacanagem vazia de sentimento, mas que, no final da noite, num final de semana onde provavelmente estaríamos juntos - nós - acaba preenchendo um espaço, aquele espaço, com conversas banais, bebidas quentes e orgasmos fingidos. o que não é, de todo, ruim. não mesmo.
o que havia no centro, entre nós - órbitas -, era a luz, era o sol.
o que não sabíamos, meu caro, é que, além de tentar ocupar o mesmo espaço, também éramos intrusos. olha, eu não te conheço. nunca te conheci por inteiro, embora tivesse minhas idéias infundadas sobre quem seria você. fomos inimigos, amantes, desconhecidos e agora fazemos parte de um mesmo levante. por mais que agora não mais te importes a minha presença e que minha vida para você não passe de uma folha amassada, e que talvez isso até seja recíproco, acredite em mim: não passamos dos mesmos amantes falidos, não importa de que maneira, e compartilhamos esta grande fossa dos corações partidos, cansados e fracassados, aonde há pesar, e que apesar de tudo isso, ainda nos sentimos extasiados pelo que virá.
timidamente, devagar.
me sinto cega para todo o resto, vou pisando em falso em territórios (em falsos territórios) desconhecidos e me distraio com os meus problemas. mas me sinto bem, e só ele sabe de que jeito.
sei que nossas faltas foram distintas, o que não nos redime de maneira alguma, ressalto. mas estamos aqui, pagando nossos fardos, e eu não poderia dizer quem sofre mais agora. quem sente mais saudade. quem saiu mais ferido deste choque. e nem importa, porque cada um deve agora tentar recuperar toda a energia que investimos "nisso", proporcionalmente. acho que compreendo mais. também fomos os mesmos amantes doentes, os mesmos carentes desesperados, só representamos de maneira diferente: ele, com agressão. eu, com obsessão. e muito mais dessas palavrinhas de gente doente.
a verdade é que éramos iguais, eu e ele. éramos, os dois, a mesma pessoa, agora, descrentes do amor. dois coelhos mortos pela mesma pedra. e não era exatamente o que nos ligava que nos fazia iguais, porque essa linha nos transpassou em momentos distintos, de início. em outros, nos costurou na mesma trama. pelo contrário, o que mais nos aproximava era também o que nos distanciava. afinal, sabemos. dois corpos não ocupam o mesmo lugar. éramos dois campos de força, o que logicamente, nos repeliu para longe um do outro. o lugar, este ficou vazio, quem sabe agora ocupado por alguém que ia passando ali e resolveu ficar. mas não o conheço, nem tomo partido. apenas vejo como acabamos indo, mesmo por caminhos diferentes, ao fundo deste poço, que não é fim nem fundo, mas poço raso onde a gente fica por que tem que ficar. por que temos que sentir esta ressaca de amor que às vezes vira festa às cegas, encontro no escuro, pura sacanagem vazia de sentimento, mas que, no final da noite, num final de semana onde provavelmente estaríamos juntos - nós - acaba preenchendo um espaço, aquele espaço, com conversas banais, bebidas quentes e orgasmos fingidos. o que não é, de todo, ruim. não mesmo.
o que havia no centro, entre nós - órbitas -, era a luz, era o sol.
o que não sabíamos, meu caro, é que, além de tentar ocupar o mesmo espaço, também éramos intrusos. olha, eu não te conheço. nunca te conheci por inteiro, embora tivesse minhas idéias infundadas sobre quem seria você. fomos inimigos, amantes, desconhecidos e agora fazemos parte de um mesmo levante. por mais que agora não mais te importes a minha presença e que minha vida para você não passe de uma folha amassada, e que talvez isso até seja recíproco, acredite em mim: não passamos dos mesmos amantes falidos, não importa de que maneira, e compartilhamos esta grande fossa dos corações partidos, cansados e fracassados, aonde há pesar, e que apesar de tudo isso, ainda nos sentimos extasiados pelo que virá.
timidamente, devagar.
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