terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

àquelas pernas

"quem inventou a expressão 'um ombro amigo' não conhecia uma coxa"


OH DEUS permita que eu veja denovo aquelas pernas permita que eu viva ao lado daquelas pernas e que eu envelheça sedentariamente ao lado daquelas pernas pra que quando jé velha e cansada eu peça abrigo naquelas pernas e pra quando nada mais bastar eu olhe denovo aquelas pernas e veja que há sempre um motivo para se animar
OH DEUS eu te peço que não leve essas pernas para longe de mim eu te peço para que mude a direção do andar destas pernas até mim que ao lado destas pernas só há felicidade sem fim e que seja sem fim que elas perambulem por aí mas que ao fim do dia estas pernas retornem para mim
OH DEUS eu que nem sei se acredito em você te rogo que conserve o tom sadio dessas pernas e que as proteja de qualquer artrite artrose osteoporose e vitiligo porque naquelas pernas não pode haver nada disso porque são pernas divinas torneadas por anjos torneiros mecânicos e por isso só merecem os melhores sumos hidratantes preparados por ninfas saltitantes
OH DEUS eu te peço ainda se não for muita ousadia que estas pernas se voltem para mim porque por estas pernas eu pego as minhas e corro até elas porque elas são a inspiração desta gata velha que fracassada só carrega na memória a intenção de um dia se enroscar denovo naquelas pernas e dormir naquelas pernas e acordar naquelas pernas e viver sempre ao lado daquelas pernas

porque todo gato, DEUS, tem adoração por pernase as que eu achei, me deixaram saudades eternas.

28.09.08

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

segunda-feira de cinzas

e então na segunda-feira de cinzas, com um telefonema certeiro da chefe, o carnaval acabou. mesmo assim, tendo durado cinco dias a mais que o combinado com a prefeitura, meu carnaval poderia durar quem sabe até um mês. com idas frequentes às paradas de sucesso, neste caso, uma no primeiro dia e outra ao final, ritmado quase como quem dança; dança de roda, sabe. vistas completamente privadas do rio de janeiro. os carros alegóricos da mangueira, grande rio, mocidade, o que seja, atrapalhando o trânsito na presidente vargas, em pleno amanhecimento do dia; coisa rara. os dias quentes, os mais quentes do brasil, passando devagar. acordar depois que o sol se pôs foi uma necessidade, compreenda. o santa bárbara fechado, causando tumulto e tensão dentro do taxi, que até tinha um tal gps, mas o coitado não sabia do santa bárbara fechado, abre as janelas que todo mundo vai fumar um cigarrinho. e ainda é carnaval, toca essa carroça pra frente que tem muito rio de janeiro pra gente!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

carnaval

taí o carnaval. todos vestem as fantasias que melhor lhe cabem, mas a maioria mesmo quer é ser malandro, mesmo que a tal pessoa não fique muito bem trajando branco. não tem jeito e eu que me foda. ou não, quer dizer, às vezes é até melhor ficar fora de certas coisas, ser passada pra trás. o samba ainda é a melhor parte e continuará sendo por todo o resto de mundo o meu conforto. só que neste carnaval o meu samba não vai atravessar a avenida, nem desfilar pelos blocos nas ruas e esquinas desse rio de janeiro, não... o meu samba vai chorar bonito nas cordas de um violão, quem sabe do cartola ou do noel rosa. eu sei reconhecer a hora da retirada, agora, pra ontem. essa jogação descompensada não está mais funcionando pra mim, admito. estou pedindo a conta do bar, meu amigo.
meus sonhos me contaram que em algum lugar - ou em vários - alguém se esquece de mim e me estranha como se nunca tivesse me conhecido. sei que não tenho mais aquele jeito menina de ser e que ganhei algumas rugas nestes últimos meses, fiquei mais feia e ninguém mais acha que eu tenho menos idade do que realmente tenho; coisa triste. uma hora a gente tem que aprender a ter medo de amar e, no meu caso, mais de uma pessoa foi responsável por isso, acelerou tudo. amadurecer é aprender a ter medo, pergunte ao pirralho mais próximo de ti. eu sei que estou muito chata e desacreditada, não queria, mas quando se envelhece dez anos em poucos meses... rolam alguns efeitos colaterais.
mas é carnaval! o que fazer com o som dos batuques que estarão por toda parte? como não sair sambando por aí? o copo na mão, chinelo no pé, chapéu na cabeça. eu vou, eu vou, eu ainda não consigo sair deste boteco com uma conta deste tamanho pendurada. o que tem é coisa pra eu pagar e apagar aqui. quanta bagunça pra arrumar! no carnaval não dá... mas quando chegar a quarta-feira de cinzas, aí sim! uma casa inteira pra arrumar sozinha, novos cortes e cores no cabelo, um bronzeado na pele, pessoas realmente importantes para amar, fred e bernardo pra cuidar, tudo novo. meu maior desejo pra esse ano (que, claro, só começa depois do carnaval) ? me achar perdida pelas cinzas na quarta-feira.
bandeira branca, MEU amor.