domingo, 14 de junho de 2009
god's party
eu vi uma pipa no céu enquanto chovia, fazia frio e as pessoas se escondiam, o rio de janeiro virou uma sibéria nos últimos meses e dia dos namorados mudou de nome, se chama agora "dia da espera sem fim", malandros continuam malandros e os manés agora somos nós, a vida tem passado como filme, eu não participo, apenas assisto, o que é muito bom, amor virou lenda pra mim, aliás, uma lenda que ouvi há muito tempo atrás e já não tem a menor graça nem lição de moral, muito menos feliz no final, a pipa no céu parecia um arauto no meio do tempo nublado mas logo ela sumiu, se recolheu, o dia passou, todos tem passado meio assim, frio assim, chuvoso assim, lampejos de luz, raros e parfos, já não me cegam mais, mas de nada o frio faz tristeza, tem sido difícil suportar mas não há possibilidade de ficar dentro de casa com aquela lua posta no céu, a gravidade deve gerar algum tipo de atração, não sei, anjos tem me rodeado por aqui, são ótimas companhias e sempre trazem presentes consigo, mas vão embora só quando querem, às vezes é necessário passar madrugadas inteiras com eles até que se sintam bem, ontem mesmo um me apareceu e me trouxe doces que preferimos não comer, ele me contou que daqui a duas ou três semanas o mundo vai acabar, e vamos morrer logo, mas vai ser rápido e não vai doer, deus está preparando uma grande festa de recepção, e imagino que será realmente uma grande festa porque se o mundo foi feito em sete dias (tecnicamente seis dias), imagina uma festa feita em duas ou três semanas! estamos todos convidados, e diz que vai ter show de abertura do cazuza cantando coisas do tipo "eu vi a cara da morte e ela estava viva, vivaaaa" e "vida louca, vidaaaaa, vida brevee", outros também virão, mas o anjo não me disse os nomes porque era surpresa, esse deus... sabe fazer uma festa, e o melhor, vai ser tudo liberado e todos estarão lá, sem excessão, enquanto espero vou aproveitando essas coisas banais da vida, porque ascenderemos a um outro estado realmente mágico, não como lampejos que às vezes temos, não como visões e compreensões repentinas da vida, estará tudo explicado, como uma eterna epifania e o amor, bem, descobriremos que há algo melhor.
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