eu ainda te vejo acender o cigarro meio triste na rua principal da cidade indo pra não sei onde que te disseram ainda pouco no telefone (agora desligado) que marcaram pra tomar uma cerveja, comer batata frita e contar dos últimos informes da terrinha. te vejo ainda parada no ponto de ônibus com seus óculos escuros fumando aquele cigarro e pensando no corte do cabelo e em misérias globais. andas com todos para todos os lados, só vai aonde te levam mas voltas para casa todos os dias sozinha. e acha daquilo a pior e a melhor coisa da tua vida. não importa. seguiremos para quando? fugiremos atrás do quem sabe, do talvez. e talvez esteja você agora em seu quarto dormindo, sonhando coisas estranhas ou quem sabe muito quieta tentando esquecer o último. ainda que mil vezes tivesse que te ver ir embora, assim seria. mas não foi, só ficaram comigo os milhares de adeus que eu te teria dado. ah, sim. ainda frequento os mesmos cais, as mesmas praças à beira mar, os mesmos cantos. mas vejo coisas que também você vê, não me enxergue muito mal, seja nítida e precisa comigo. até que você decida pegar outro ônibus, até que alguém passe na rua e te reconheça, até que o tempo acabe, o meu tempo, eu ficarei aqui parada nesta plataforma sem poder sair ou partir para outro lugar. estarei imóvel, nossas linhas se cruzando, se emaranhando e me soltando, aos poucos, devagar.
tudo o que vai, volta na próxima estação
eu vou ficar parada em cima da plataforma
daquela estação
vendo partir o todo para o fim, e eu ali
passando, passando, passando
sábado, 12 de dezembro de 2009
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