é uma infelicidade tudo isso.
eu nasci meio humana e fui indo meio bicho, querendo tomar conta das coisas e tudo pra mim. e você tava lá, sozinha, andando perdida, eu achei que seria bom te chamar pra mim. mas depois vi que era você quem me chamava numa língua que eu não entendia, mas que refletia dentro do inconsciente. mas me enganei que tu estavas só, havia quem te seguisse além de mim. e foi quando tudo começou e a gente se juntou, o sujo e o mal lavado, gente da mesma laia. a gente nasceu pra ser triste, e no meu caso, também egocêntrica e vingativa. você, também confusa e levemente depressiva. mas nossas histórias são lindas, ao menos, nada sabe ser mais bonito que a tristeza. e a gente mergulhou na infelicidade de sermos nós, patéticas para o amor, esta coisa ridícula; servíamos para aquele acaso triste, porque também éramos ridículas e também burras, porque é extremamente necessária a burrice no negócio do amor.
hoje somos nada de nada. por mais que eu me pense moderna e desapegada, sei que perdi uma certa disputa, que eu nunca admiti disputar. o orgulho é uma fortaleza feita de cartas, desaparece num sopro. um sopro que sempre sai de você. e aqui vai mais um sopro seu, só seu em minha direção. e de novo vou ter que construir meu castelo de cartas para de novo você soprar e fazer desmoronar tudo em mim. sempre me perguntei até quando ficaria nesta putaria sem graça, e depois de tanto tempo eu ainda não aprendi que não se mede o tal tempo. o que sei é que aprendi a estar nisso tudo e a conviver com esta dor no cotovelo, essa tal disputa não ganha. não de forma pacífica, é claro. eu tive que expurgar estes demônios para você, entenda. eu não choro.
eu acho tudo muito infeliz, mas consigo dizer isto sem ressentimentos. afinal, é também obra minha e muito sinceramente, não vejo conduta da qual me arrepender. eu fiz muito, isso você deve saber, eu fiz muito. talvez fosse melhor ficar em casa, como você queria. mas desde sempre tive o impulso de te contrariar, algo me dizia que eu não devia te fazer exatamente feliz, quem sabe ao menos aflita. aflita é melhor que feliz, eu acho. hoje, acho que nem isso consigo fazer. não te deixo mais aflita, nem nervosa, nem com raiva e nem nada, pelo menos não como eu queria. e me desespero e maldigo a vida a teu lado e rogo pragas para você, porque foi nesta função que me colocastes agora. você devia saber que eu sou uma criança pirracenta atrás de um sorvetinho. e que, pra minha cabeça, não existe meio termo possível, nada de esperanças. diferente de você, que admite todos os meio termos e acredita que o tempo muda as pessoas.
hoje, eu queria nas minhas mãos a melhor pistola americana só pra matar toda essa raiva, todo esse sentimentozinho chato que tem dentro de mim. acabaria com uma ou duas pessoas e sairia por aí, fugindo da polícia pelo brasil, arrumando briga com o diabo, deus do meu lado, eu ia me esconder no sertão. você, eu queria esquecer e só de pirraça matar o vagabundo que te tirou de mim, te mostrar que você estava errada. não adianta, nada do que a gente faça será possível pra nos tornar, quem sabe um dia, dignas. a gente já bagunçou toda a casa e se quisermos viver, teremos que viver dentro dela assim. vai ver era pra ser desse jeito mesmo, amando e odiando sem fim.
hoje eu tô possessa, mas o meu orgulho é maior. só não é maior que você. mas você não sabe disso. aliás, você não sabe de muita coisa assim como eu também não sei que muita coisa é mentira pra mim e pra você. porque somos burras uma para a outra, e talvez o maior sinal de amor seja este, a nossa burrice. e chega a ser tão ridículo que eu tenho certeza que isso é coisa de deus. ou do cão, vai saber. sendo quem for, já se divertiu e agora se cansou, nos jogou fora numa casa de adoção. teu dono veio te buscar e eu fiquei porque o meu nunca existiu, e eu resolvi fugir por aí com outros de rua, como eu.
hoje eu tô nessa de perdida, me jogando em esquina de bar, me passando por rica.
não acredita em nada, coração. é tudo mentira, é tudo mentira.
um dia a gente esquece o ódio e volta a amar;
que dia ?
domingo, 10 de janeiro de 2010
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O dia em que Deus resolver certo por linhas retas. Enquanto isso eu espero ela. E sofro e rio e não ligo pra quando me chamam de louca se sei que vivo nessa loucura que é a espera de do amor. Do amor de quem se ama. Ama(n)da.
ResponderExcluirNão some, né, mocinha.
Ótimo ano!