domingo, 17 de maio de 2009

reclames

Porra, o mundo tirou o ano para conspirar contra mim? Nunca fiz nada contra ele (bem, não que eu me lembre neste exato momento, mas de qualquer forma, peço desculpas pela torneira aberta sem usar, mijar na praia, trocar as etiquetas, avançar o sinal, comer sem pagar, mentir para minha mãe, matar umas aulas, colar na prova e falar palavrão demais). Acho que nós estamos chegando ao fim do mundo mesmo, se não for sei lá, não entendo o que se passa na cabeça dessa esfera achatada nos pólos.
Poxa, será que ele faz idéia do quanto gosto da sua companhia? Do quanto ele tem sido chato pra mim? Será que ele lembra daquele mês de julho que foi um verdadeiro inferno e que até cair na escada da rodoviária, eu caí? E que parece que não vai acabar nunca esse ano? E mais, será que ele sabe que o vizinho também deixa a torneira aberta e faz xixi na praia também?!
Eu nem tenho mais vergonha de reclamar e cheguei a um estágio aonde rir de mim mesma é o melhor caminho, mas às vezes cansa porque fazem três semanas que eu to tentando ir para a Ilha e não consigo, três semanas! Eu não suporto mais as pessoas me mostrando os dentes, seus carros, suas roupas novas. Eu não quero saber de ninguém, não quero mais ouvir sobre as vidas alheias. O mundo todo parece ter ganhado na loteria, e não querem me dar nem um trocado pro pastel de queijo e pro suco de maracujá (tá certo, eu sei que o chinês aumentou, mas foram vinte centavos só!).
E antes que começassem a falar do meu recalque e inveja, ou da minha vida sexual, eu dei umas voltinhas por aí. Coloquei meu casaco e fui pra rua tentar “fazer p-arte”, fui até a Disneyland de bicicleta. Mas achei tudo muito chato e feio.
Sabe, to querendo, só de raiva, ir até Plutão. Espírito aventureiro, sabe? Que tá perdido há uns anos no fundo do meu bolso, eu sei. É que eu não tô cabendo mais nessas roupas velhas que me deram no natal de 00; e ouvi dizer que por lá, em Plutão, a gente pode andar com roupa rasgada e chinelo velho. E ainda que a gente pode falar palavrão o quanto quiser e que lá não tem nem prova pra fazer.
Ah, eu quero de volta meus amores da infância. Quero ficar de mal e depois de dois minutos ficar de bem denovo. Eu quero ver o JN e não entender o que a Fátima e o William falam. Quero esquecer que os EUA têm muito dinheiro, que na França as pessoas falam francês mas são nojentas, que na Índia as pessoas não comem vaca, que certa vez em Chernobyl ouviu-se um grande barulho e que na África, um dia, houveram grandes reis e rainhas . Eu queria esquecer que o mundo é tão grande e que já está ficando pequeno pra mim.
Será que é pedir muito que o resto do mundo esteja tão chato quanto tem estado por estes lados?
Eu vou ter um AVC de tédio, e vou infartar minha monotonia. Por favor, dêem comida para meus gatos, limpem meu quarto, catem os restos no chão e mandem para Plutão, por favor.
Ou vou ficar esperando; me disseram que com vinte e cinco anos essa frescura toda passa.

14 10 2007

Um comentário:

  1. Em Plutão, rumores de corredores, você escolhe quanto paga pela mercadoria. Lá, faz tempo que não rola uma apreensãozinha pela PF...

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